
Para um estudante da Universidade de Berkeley, dar apenas 7 passos para ir receber o seu diploma de graduação em Ciência Política e História caminhando pelo palco foi mais do que um ato corriqueiro em qualquer cerimonia de formatura - foi um "verdadeiro milagre".
Este momento aconteceu quando Austin Whitney, um jove estudante de 22 anos, que ficou paralítico em um acidente automobilístico em 2007, levantou-se da sua cadeira de rodas, usou um controle em um andador para acionar o exoesqueleto amarrado às suas pernas e dar os tão esperados sete passos para receber o seu diploma de formatura, enquanto uma multidão de 15 mil pessoas presentes à cerominia irrompia em aplausos.
"Pergunte a qualquer pessoa presa em uma cadeira de rodas, pergunte o que significaria poder ficar mais uma vez de pé e apertar a mão de alguém encarando-a no mesmo nível e podendo olhar dentro dos olhos desta pessoa," declarou Austin Whitney ao San Francisco Chronicle em seu dia memorável.
"É surreal demais, é como um sonho", complementou um Austin Whitney transbordando de alegria e e felicidade.
"No segundo em que eu apertei o botão e me levantei, eu fui inundado por uma série de emoções. Foi realmente impressionante", disse ele.
Ele descreveu como os altos e baixos de sua vida passaram por sua mente enquanto ele andava, desde o momento em que ele ficou paraplégico quatro anos atrás em um acidente de carro até o dia em que ele descobriu que havia sido aceito pela Universidade de Berkeley.
O exoesqueleto que ajudou Whitney a andar depois de anos foi desenvolvido por uma equipe de alunos de pós-graduação liderada pelo professor de engenharia mecânica Homayoon Kazerooni.
Austin Whitney trabalhou com a equipe durante meses, testando a estrutura robótica e dizendo o que funcionava e o que precisava de ajustes. Em homenagem a ele, o exoesqueleto foi batizado de "Austin".
Tecnologia militar
A tecnologia que ajudou Whitney a andar começou a ser criada em 2002, quando Kazerooni recebeu um financiamento do Departamento de Defesa americano para inventar um aparato que permitisse que pessoas carregassem enormes cargas por longos períodos.
Segundo o departamento de imprensa da universidade, a ideia na época era ajudar pessoas como médicos militares carregando um soldado ferido ou bombeiros que precisam subir escadas com equipamento pesado.
Quatro anos depois, foi criado o Bleex (Berkeley Lower Extremity Exoskeleton). O dispositivo tem uma mochila que se conecta às pernas da pessoa e usa sua própria fonte de energia para movê-las sem colocar pressão desnecessária sobre os músculos.
Mas o professor tinha planos mais ambiciosos para o exoesqueleto: ajudar pessoas que não podem andar.
Embriagado
O acidente que colocou Whitney em uma cadeira de rodas aconteceu no dia 21 de julho de 2007, quando ele assumiu a direção do carro após ter consumido bebidas alcoólicas.
Seu melhor amigo quase morreu e Whitney quebrou a coluna e ficou paraplégico.
"Foi minha culpa", disse ele.
"Eu fiquei com muita raiva de mim mesmo, mas percebi que tinha duas escolhas: eu podia viver no passado e me encher de pena ou enfrentar a adversidade na minha vida e impedir que isso enterrasse meu objetivos, sonhos e aspirações."
Após entrar para a universidade, Whitney passou a dar palestras para estudantes sobre os perigos de beber e dirigir.
Ele também disse esperar que o sucesso da caminhada em sua formatura dê esperanças a outros paraplégicos de que eles um dia possam contar com máquinas de preço acessível que os ajudem a recuperar alguma mobilidade.
"Esta tecnologia pode ser usada por um grande número de pessoas e esta é nossa missão", disse Kazerooni.
"Estamos dizendo à comunidade que isso é possível. Este é apenas o começo de nosso trabalho."
Fontes:BBC Brasil & New Daily News
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